Dom.

Postado por NaNa Caê terça-feira, 21 de dezembro de 2010 14:28:00

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Só amar não basta, não para mim e acho que também não para você. Não se trata de um moço que se contenta apenas com a distância. É preciso se envolver, estar sempre por perto. Cadê você chegando engomadinho de barba feita e cabelo penteado pelo fim da rua?

A barba mal feita, as mulheres que come por diversão, me desculpe, mas o que vejo não passa disso. Não que seja ruim, mas cadê amor? Cadê seu fígado, pulmão e rins?

Não tenho sofrido, não como antigamente quando eu tinha tempo para inventar o que sofrer. É triste, não é triste, não tem nada de triste aqui, apenas mais calmo, parado, e apenas tenho feito dívidas e pagado essas dívidas, com dinheiro, acordos, abraços ou favores, tenho compreendido melhor as coisas, como lidar com dinheiro, é isso, tenho aprendido basicamente sobre amor e dinheiro.

Não sei se cresci, ou se foi a carne dura que aumentou aqui sobre mim. Não precisa me jogar dentro de uma das suas receitas, não há motivos pra tentar me cozinhar, amolecer as partes em tempero forte, melhorar o meu sabor, é sério, estou bem, sei que falando assim, sei que eu lendo o que estou escrevendo aqui não me soaria tão bem assim, equilibrada, feliz, aqueles estados de espírito esperados pela nossa facha, mas me desculpe, infelizmente estou bem.

Estou pedindo desculpas por que as vezes não me parece certo estar bem, não parece certo fugir daquilo que eu achava correto anos atrás, não me pareço com o que pensei.

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[Ouvindo: Delta Spirit - Strange Vine]

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Cadê.

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 3 de dezembro de 2010 08:48:00

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Hoje acordei gostando mais de você, sem motivos aparentes ou enumerados, apenas sinto mais amor.

Aqueles dias em que você acorda e fica 'que vazio, mas não é fome, então que diabos é isso?' e depois começa a sorrir.

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[Ouvindo: Phoenix - 1901]

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Na Gaveta 2

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 25 de novembro de 2010 10:46:00

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Você não sabe o quanto é difícil explicar que eu amo o seu modo de pensar, todo o raciocínio que você segue, mesmo que seja lento, há uma linha construída ali, bastante retilínea, e quem pensa hoje com razão é tão difícil de encontrar.

Sabe o quanto é difícil explicar que amo seu cheiro, o jeito como sorri, um sorriso estúpido, totalmente aberto, quando percebe que deixou escapar todos os dentes, que deixou toda gengiva a vista usa os lábios pra fechar a estranha beleza.

Você não sabe o quanto e difícil explicar a falta que sinto de conversar, aqueles assuntos que na verdade não giravam em torno de assunto algum. A notícia que saiu no jornal, o berro que a vizinha deu, o livro lido só até a página 33, os pontos e vírgulas.

E tudo vai se tornando posse nossa. Quando lembramos dessas pequenas idiotices nos conectamos a algo maior.

Você não tem noção de como é difícil pra mim, amar tudo, mas não você.

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[Ouvindo: The XX - Fantasy]

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Na Gaveta 1

Postado por NaNa Caê 10:35:00

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Não estou feliz por não ter tempo para ler o que me interessa, não estou nem um pouco contente por não poder reler. Não sinto satisfação em ouvir música apenas para a cabeça não estourar com outros pensamentos, quinhentos novos problemas.

Não há mais satisfação nem para escrever.

E pensar demais é confundido com tristeza, marasmo, não pensar é igualdade de burrice. Fico correndo pelos dois cantos, por dois becos extremos, encerrando discussões com vírgulas, sem saber como usar um maldito ponto final.

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[Ouvindo: The XX - Islands]

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Em Digestão

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 19 de novembro de 2010 17:49:00

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Eu sei que preciso escrever, não aqui, eu falo todos os dias, no trabalho e isso me priva, de uma possível compreensão.

Eu não sei se você gosta disso, mas comigo não tem funcionado bem, eu na verdade talvez não esteja tão bem, para aceitar, uma ou outra pressão.

É vontade, de parar, e ficar, e sentar, e fechar, as portas, janelas, os olhos e o coração. Escutar as paredes para ver se elas me ensinam o que sozinha está tão difícil de entender.

Então perdão se eu não tenho escrito aquelas longas cartas, se não tenho feito planos para os próximos 21 anos.

Deve ser a textura, não sei, das palavras, eu as sinto na boca, é verdade, não fica rindo assim das minhas metáforas, mas elas tocam minha língua, então os dentes se cerram, as serram ao meio, trituram as verdades e eu sem ter o que fazer mastigo suas mentiras também.

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[Ouvindo: She & Him - If You Can't Sleep]

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Quatro

Postado por NaNa Caê 17:19:00

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Estou cansada desse laço
Isso que une a gente
Esse minúsculo espaço
Entre
Que de pequeno não tem nada
Sufoca
Acho melhor mesmo de vez você ir
Pode deixar que eu me viro por aqui
Dou adeus antes que isso se desfaça

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[Ouvindo: She & Him - Don't Look Back]

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Paranóia

Postado por NaNa Caê terça-feira, 19 de outubro de 2010 16:15:00

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Paranóia para nóia para nóia para paranóia para

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[Ouvindo: Yeah Yeah Yeahs - Poor Song]

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Anexo da Madrugada

Postado por NaNa Caê sábado, 16 de outubro de 2010 11:42:00

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As escolhas não são tão subjetivas assim, o destino é futuro, o passado decisão, de modo direto ou indireto em algum momento há a necessidade de haver a percepção lógica ou sensitiva para pular mais para o lado do sim, do não ou do adeus.

A afeição é estranha, lembrando que estranho é aquilo que foge do comum, do padrão, sem parâmetros negativos por favor.

Volta-se novamente então para as escolhas, uma pequena escolha, que supostamente não resultaria em nada culmina em um emaranhado de cuidados.

E assim entende-se a vida.

Depois de 21 anos e alguns dias, compreende-se de forma simplória, jogada ao chão, como pobre mendigo de cantos e quinas quem é preciso amar. Por que amor não é amargo, o amor não dos românticos, o amor realista com uma brusca queda e desejo pelo pessimista, o amor da relação. Relação que entre pessoas, sempre é buscada com um posterior argumento sem objetivo de um findar, reformulamos então a pergunta e respondemos talvez com pré destinos adotados por escolhas religiosas.

Agora sei o que escolhi e quem devo evitar. Schopenhauer não estava certo quanto a força dos desejos, o que realmente nos move é o medo, principalmente o medo de falhar.

Escrever sem planejar, talvez seja isso que torne tudo mais realista, você não corre os olhos pelas linhas a procura de um erro, não relê o que foi escrito por que uma vez já foi feito e nada parecia ter sentido. A lógica se encontra no suspiro das idéias rápidas pela sua mente percorrida, e suspiro é breve, não volta, não pausa, não repete, cada um é diferente, assim como o olhar de uma pessoa toda vez que sorri.

Cada um lê o que procura, e assim acha o que entende, não é escrita clichê ou auto-ajuda, apenas cada um encaixa as palavras no que sente e resulta no seu próprio estado momentâneo.

Perguntaram quem eu era, me deram apenas como resposta idade, obrigações, família, amigos e profissão. No início pensei que eu estava certa rebatendo com justificativas quase sórdidas. Mas agora abaixo a cabeça, por que realmente o ser é estado, é momento e condição, isso não tem como alterar, mas talvez como se posicionar sim.

Não acho que Narciso fica preso ao reflexo por se achar belo, o que ele quer é ter apenas uma referência para que aquilo que vê seja o melhor, sem possibilidade de inferioridade, sem possibilidade de comparações que o coloque para baixo, apesar que ainda assim em poucos minutos cairá de cabeça. E isso sim é se fechar.

São os momentos brutos na vida que te torna mais delicado e não sei se isso é algum tipo de lei de compensação.

Você sabe que precisa voltar a escrever frases aparentemente sem sentido quando os olhos pesam, a cabeça doe e o quarto novamente cheira a cigarro.

Por que quando o estado é de dúvida, logo sou eu o questionamento em pessoa, mas como sempre o que é real para mim não passa de literatura barata para vocês.

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[Ouvindo: Metric - Combat Baby]

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Lembrando da Insustentável Leveza do Ser

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 27 de setembro de 2010 02:32:00

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Escrevo com clareza quando os dias são confusos, parece-me uma balança essa vida, se estou com vontade de percorrer por linhas complexas "Jogue aí mais 3 kilos de problemas por favor!"

Quanto maior o peso da angústia, mais alto parece ficar o outro lado, o do nível da escrita.

E os signos apenas me cercam, não me favorecem, particularmente a casa em que o meu habita desmoronou, ali não importa a destreza ou o olho bom com medidas, as paredes ponteagudas se desequilibram e escorregam no chão.

O peso carregado como sempre se encontra na coluna e não há como antecipar o baque já que não se consegue prever desastres.

Então regrida, espere o tombo, carregue nas costas os problemas, sinta o peso que é você.

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[Ouvindo: Beth Gibbons - Sand River]

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Pesando

Postado por NaNa Caê sábado, 25 de setembro de 2010 09:35:00

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Vou abrir bastante o jogo com você, eu ando muito cansada, e não sei se estou fazendo as coisas certas, se estou no rumo certo.
E isso é uma merda, por que quando você sabe que será recompensada no final você tem mais paciência para as horas a mais de trabalho, as reuniões depois das horas a mais de trabalho, os problemas familiares, as brigas no namoro .

Eu não sei se estou andando de costas, ou indo pra frente, não sei qual minha posição, se estou de cabeça erguida, me rastejando, ou sendo um grande diferencial plantando bananeira, não sei sequer a velocidade disso.

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[Ouvindo: Yeah Yeah Yeahs - Maps]

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Sobre Amoras e Amores

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 10 de setembro de 2010 16:53:00

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Eu confio em pessoas que gostam de amoras, sempre usei desse critério e acho que essa mania nunca vou perder.

Eu até me casaria com quem tem um pé dessas frutinhas no quintal, mudas pequenas em processo de crescimento, penso duas vezes.

Mas na verdade já me serviria se você fosse do tipo que vai às lojas americanas comprar grandes pacotes daquelas Jelly Berries, bem artificiais.

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[Ouvindo: Yann Tiersen - Les Grandes Marées]

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Acordei Para Você

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 30 de agosto de 2010 11:42:00

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Tive mais um sonho ruim, mas quando que meus sonhos não seguem essa linha, não é?

Sonhei que eu estava na minha cidade, mas lá tinha praia, as vezes parecia Ipanema com certa mistura de Boa Viagem.

Fui com parentes. Havia algumas presenças desconexas, conhecidos de vista, pessoas com quem já namorei, você não estava lá, não fisicamente, não sei como explicar, talvez em algum hotel, a minha espera, não apareceu nitidamente em nenhum instante no meu campo de visão.

Eu estava na praia e de repente o mar explodiu, a água pegou fogo, eu corri, minha avó correu, e isso foi engraçado pra mim, não pro meu eu personagem que sofria ali, fugindo das chamas do mar, mas pra mim terceira pessoa, que via tudo acontecer. E ela correu mais que eu, roubou um carro e nos salvou.

Você novamente não apareceu, acho que nem existia naquela situação, mas durante todo tempo minha maior preocupação era se estava bem.

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[Ouvindo: Noah and The Whale - Mary]

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Três

Postado por NaNa Caê terça-feira, 24 de agosto de 2010 16:34:00

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Sinto tanta falta de tanta gente, tantos lugares que seria melhor nem sentir.

Sinto falta de tantas músicas que eram cantadas, escutadas a dois, no máximo três que é melhor agora nem lembrar que já ouvi.

Sinto falta de tanta coisa que eu nem me lembro mais, eu sinto, não sei o quê, nem o porquê, mas chega e arrasta meus pulsos no chão.

E os que passam pensam em solidão, depressão, mas são pulsos soltos, moles, frágeis, que não se importariam de ser segurados firmemente pelo menos uma vez ao mês. A força me alegra, me chama para briga, me derrota, doa pontos as vezes para eu ficar um pouco mais feliz.

Falamos de crianças como se não fossemos infantis, como se estivéssemos disputando quem voa mais alto no balanço, sendo que sabemos que desastrosamente sempre caímos de costas no chão.

Empurramos o medo com a barriga, enchemos a barriga com qualquer besteira, nos enjoamos de desculpas para podermos vomitar com maior facilidade todo resto ressentido.

Para os braços nunca marcamos hora na agenda, compromissos, estão sempre ocupados segurando o mundo junto com as mãos.

Mas ainda somos minúsculos, quase ninguém, e as mãos, pequenas, não importa o tamanho do coração, da força, ou da rapidez, elas ainda não poderão segurar todo peso por alguém, e isso inclui você.

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[Ouvindo: Yeah Yeah Yeahs - Maps]

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Dois

Postado por NaNa Caê domingo, 8 de agosto de 2010 19:53:00

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Descobri que quando ele morrer  vou chorar, não de saudade, mas por lembrar de hoje, o dia em que percebi que nunca o amei.

E todos os parentes vão me ligar para oferecer pêsames como se fossem verduras sendo jogadas em péssimos atores de teatro, tomates lançados na cara, deixando meu rosto mais vermelho ainda de raiva.

E eu com certeza me sentiria mais confortável se estivesse em palco, apresentando uma peça de balé, vestida de palhaça, enfiando o dedo do pé no nariz em vez de estar ali me fingindo de infeliz.   

Os primos, todos casados com aquelas segundas esposas, crianças, de vinte e poucos anos apenas cronológicos, darão tapinhas nas minhas costas, e eu sentirei como se fossem os socos dele, tentando ainda assim me derrubar.

O pior serão as lembranças, anteriores as de hoje que me pareciam tão esperançosas, mas agora se mostram como coisa qualquer, ventilador, parede, grama, colher, espaço em branco, totalmente vazio, folha de caderno pronta pra ser amassada, jogada fora ou enfiada na boca dele, até engasgar, ficar sem ar e realmente partir. 
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[Ouvindo: Yann Tiersen - Dishes]


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Um

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 5 de agosto de 2010 08:23:00

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Dedico as próximas seqüências de “mini textos escrotos” apenas a mim, por ter suportado todos vocês. Não admiro esse adjetivo entre aspas, na verdade não gosto dele nem um pouco, e é por isso que se encaixa tão bem aqui, por que é precisamente isso que sinto pelo que escrevi.

Sabe quando você fica com ódio, mas tanto, que uma veia abaixo do seu olho estoura e então parece realmente que você está chorando sangue? É nesse momento que você descobre que não poderia deixar algumas desgraças passar em branco.

Sabe quando você chora muito e já não sabe diferenciar o que é lágrima de catarro e saliva? É nesse período que você precisa se mover, não metaforicamente ou de modo abstrato, “mova sua mente meu filho”, “evolua rapaz". Não, aprendizados assim servem perfeitamente apenas para burros e isso seguramente eu nunca fui.

Quando uma mãe pede para o filho resoluções ou pelo menos justificativas por tê-lo criado mal, soa como uma piada-pergunta desesperada das mais sem graças. Por que ele recebe na boca o certificado de animal, enrolado, amarrado em uma fitinha azul, como se fosse um diploma, “cachorro pessimamente domesticado.”

Mas o meu medo real é o de não poder frear, não com o ódio, por que eu não me importaria caso ele decidisse me acompanhar pelo resto da vida. O meu medo nasce das besteiras, não daquelas pequenas, balinhas e chicletes. Tenho receio de não poder parar entre os intervalos do trabalho, ir em casa por exemplo para cochilar.

Eu necessito de pausas para não correr de mim, se os passos são longos e rápidos eu logo piso no cadarço e beijo o chão. Sempre tive pavor de lamber o asfalto, não pelo gosto, esse sabor conheço bem, e muitas vezes fingi para mim mesma que estava sentada, na mesa de algum restaurante, sorridente, comendo sushis, mas a língua na verdade tocava o piche, se enroscava nas pequenas pedrinhas e eu tossia poeira, não da vermelha, a do meu cigarro que não sabe parar apagado.

Eu finjo também que penso, quando na verdade eu bem mais que desejo, a sustentabilidade das palavras, não me refiro a estruturas espirituais, de ética ou moral. Preciso que cada palavra que escrevo se transforme em roupa, comida, o recibo do meu pagamento do aluguel de fim de mês.

Se quase todos que dormem com as letras, as engolem, mastigam até o que seria impossível ali consumir, sempre encontram a idéia genial, por que diabos eu também não posso tê-la?

Se for esforço que me falta eu corro então mais ainda, por que preciso sobreviver das loucuras que planejo, preciso colocá-las todas no papel e faturar alguma coisa disso.

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[Ouvindo: White Lies - E.S.T]

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Escorra Pelos Cantos

Postado por NaNa Caê sábado, 31 de julho de 2010 11:17:00

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Engula suas paráfrases, deixe as piadas de lado, meça as falhas metódicas de humor, rasgue os dedos, retire com uma faca, a língua, os anéis, as orelhas e os joelhos, impeça a comunicação.

Lave o rosto, com calma, cuspa na cara , do espelho, tenha algum ódio, chega de dó.

Escorra, entre os cabos, pelos cantos, se ataque, raspe os cabelos, cuspa os pentelhos, cante melhor, as paixões perdidas, nas letras esquecidas, aquecidas apenas pelos tons.

Pegue as cartas em cima da cama, sem revelar o seu nome, feche os olhos, leia com a alma, respire sem pressa, não exagere na interpretação.

Para não parecer pior, entenda, o amor é nômade.

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[Ouvindo: Beth Gibbons - Sand River]

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Linho de Cobre Não é Seda

Postado por NaNa Caê 11:07:00

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As conversas foram tecidas em linho de cobre e você ainda jura que suas palavras atingem meu rosto como seda

Todo instante você pensa em ser só, mas vindo de você soa tão pueril

Talvez você ainda precise mesmo da infantilidade do seu passado

Você ainda não cresceu

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[Ouvindo: Breeders - Roi]

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Quase Agora

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 30 de julho de 2010 14:10:00

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Nesse aguardo guardo você no peito
Trago seus cigarros sem sabor
Espero que com jeito solte todas palavras
Com ou sem amor
Sinto saudade
Mas ainda não há coragem de pedir pra você vir

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[Ouvindo: Ida Maria - Keep Me Warm]

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Tigela cheia

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 22 de julho de 2010 11:32:00

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Preciso escrever algo que me alimente e não essa mistura, ração que cessa sua fome, te torna mais forte.

Preciso escrever não para me encontrar, sou sedentária demais para dar prosseguimento a essas caminhadas, ainda mais em círculos, atrás do meu próprio rabo, e o cão aqui não sou eu.

Preciso descrever o que penso para você fingir que me compreende e eu não me sinta outra pessoa.

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[Ouvindo: Hole - Plump]

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Anuviar

Postado por NaNa Caê sábado, 17 de julho de 2010 11:40:00

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As vezes, ao mesmo tempo, você ama e odeia uma pessoa tanto que quando a empurra para fora da sua vida e ela aceita, vai embora, da as costas, você de início não pensa nela, mas depois se lembra, por causa de alguns lugares, algumas pessoas, uns pontos e outras vírgulas.

E então você fica se perguntando por que não permitiu que ficasse mais, ficasse sempre, mas como se o processo mental funcionava assim? Se você se sentia mais forte iludindo? Foi apenas a forma que achou para se encontrar, para saber quem realmente é, para entender se é.

Você escuta alguns discos velhos, joga fora CDs, guarda cartas e estrelas que ganhou, tudo em uma caixa, afundada na última gaveta da mobília do seu quarto como se fosse o melhor cemitério sentimental.

E aquela vontade de ligar chorando pedindo desculpas, na verdade o pedido seria de explicação, por que até nisso você é egoísta, pergunta o porquê foi embora, por que ouviu todas as palavras rudes e aceitou os socos na cara sem revidar, o pedido se torna escape para consciência anuviar.

Em última estância fala que o gosto maior é pela áurea, se baseia em papo espírita ou superficialista demais, segue o discurso você não tem beleza, mas possui uma boa índole.

Quer realmente amar? Mostre seus ossos, cansa as vistas ver apenas alma e conceitos.

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[Ouvindo: She Wants Revenge – Someone Must Get Hurt]

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Se Esqueça No Cetim

Postado por NaNa Caê terça-feira, 13 de julho de 2010 19:41:00

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Os cômodos espaçados são contínuos vazios singelos, em outras palavras, aquelas que tropeçam em hipérboles e correm de metáforas, “pura falta de criatividade”.

É preciso que se mude de dentro da sua cabeça.

Não tem como tudo ser veloz, o pensamento acelera, o resto trava, a vida esbarra nos trilhos tortos e para.

Inteligência é pré-disposição genética, depois das 3 da manhã mero esforço para ir contra a burrice, empenho na aprendizagem de um conhecimento universal. E isso é base, básico, vestido preto no guarda roupa.

Leve as tralhas pra debaixo das cobertas, fique amigo das traças, se esqueça no cetim, se aqueça sem mim.

Por que quando acordar talvez seja tarde, noite novamente.

E não poderá mais levantar.

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[Ouvindo: Black Drawing Chalks - Magic Travel]

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O Seu Coração é Um Bordel

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 25 de junho de 2010 22:39:00

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O enredo foi trocado, o figurino vendido para pagar o salário do seu papel
Você interpreta a própria vida e isso não é ser atriz
Você ensaia todos seus atos
Vá logo ser meretriz

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[White Stripes - Black Math]

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Lição nº 2

Postado por NaNa Caê 22:29:00

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Se soubesse como servir o alimento não jogaria grandes lascas assim com tanta rapidez.
Pique em menores pedaços o seu coração.
Não passe a marcha, diminua o ritmo, é preciso cautela para envenenar uma fera, ainda mais quando ela é sua presa.

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[Ouvindo: The White Stripes - Hypnotize

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Ciclos em Aspiral

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 16 de junho de 2010 11:17:00

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Você não acorda, mas levanta, coça a cabeça, coça a bunda, brinca com o cachorro, imita anjos, fuma, tosse, escarra os pulmões, beija na boca do seu amor, procura uma faca de mesa, na pia, no armário, no coração, não acha sequer caneta, encontra esmalte, pinta a parede com cor de isopor.

Você primeiro se come, depois come o outro, come a comida, vomita a invenção, eu como a mentira, mastigo com força, forço tudo, mas me entalo na hora da dor.

Você vive (?), mata, o tempo, quebra o relógio, a cabeça, o braço, atropeça, quebra a cara em cima do altar.

Você palita a alma duas vezes por semana em encontros espirituais.

Você lava as dúvidas duas vezes por semana em templos com janelas celestiais.

Nos outros três dias você não se controla, perde o controle, tem que levantar pra mudar de canal.

Você então pede livros, recebe classificados, classifica, mas não se rotula, passa páginas, risca páginas, engole todas as páginas, arranca a língua com o jornal.

Você tem prego nos dentes, cáries nas mãos, escova os cabelos, escova os pêlos dos joelhos enquanto imagina ciclos em aspiral.

Você enfia a cabeça no travesseiro, pensa no banheiro, mas corre para o forno, explode os neurônios, esquece de trocar antes a sacola do lixo do chão.

Você então suja o piso com seus miolos, a faxineira pisa na carniça, se irrita, enfia a vassoura na goela, a vizinha escuta, abre os olhos, senta na cama, se espreguiça, saca a arma, mata toda família, poupa o animal, volta a dormir, vira pro lado, mais tarde se levanta, mas não acorda, coça a cabeça, coça a bunda, brinca com o cachorro ...

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[Ouvindo: Babyshambles - Sedative]

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Infernizando

Postado por NaNa Caê 10:30:00

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Quarta
Hora de cortar os pulsos
Com fio dental

O meio é bem aqui
O neutro é isso aí
Não se alinha entre o bem muito menos o mal

Não serve de nada
Não vai para lugar algum
É café com leite
Mais pra café amargo

Agonia pelo domingo que a pouco passou
Ansiedade pela sexta que ainda não chegou

Quarta
Corte as horas
Emende logo os dias

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[Ounvindo: Black Drawing Chalks - My Radio]

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Embriague-se Logo da Segunda-Feira

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 14 de junho de 2010 00:58:00

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Embriague-se logo
Hoje já é segunda feira
Tome essa desculpa para o mau humor
A manhã não vai te acordar com gemidos
A dor é sua

Embriague-se logo
Hoje não é sábado
A madrugada não vai te suportar
Com ou sem gritos
A voz ainda é sua

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[Ouvindo: Plain White T´s - Stop]

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Medindo Minha Burrice

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 28 de maio de 2010 17:48:00

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Estreito compasso dessa desengonçada sinfonia
Estreito desenredo dessa sintonia sem jeito
Estreito espaço entre o fardo
E a métrica da constante
Ausência
Sua

Estreito
Apertado
Coração


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[Ouvindo: Bruna Mendez - Não Corra Lola]

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Não Corra Lola

Postado por NaNa Caê 08:16:00

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Não corra, não morra
Volte Lola
Mas se afaste
Não fique tão próxima
Três passos já para atrás!

Somos pessoas flexíveis
Vulneráveis
De papel
Machê ou cartolina?

Espero que não tenha se derretido
Com as lágrimas secas
Daquele rapaz

Não se preocupe Lola
Se abstenha
De toda cena armada
O duro papelão que bateu em sua cara
Amoroso papelão sentimental

Você é esguia e leve
Mas peço que não seja tão rápida
Na fuga
Não corra Lola
Não
Corra

Se chegar mais perto tinjo com aquarela o que conseguiram pintar apenas de preto e vermelho

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[Ouvindo: She Wants Revenge - Sister]

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Lição nº 1

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 19 de maio de 2010 08:48:00

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Como se os olhos fossem páginas escritas em braile de trás para frente, eu insisto no estudo de te ler sem óculos.

Compreender é passo raso em rio de aparência funda. Apenas quando adentramos é sabida a facilidade de caminhar.


Compreender é passo dois da cartilha, primeiro vem o esforço de desembaçar as vistas.

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[Ouvindo: Blind Pilot - 3 Rounds and a Sound]

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Intoxicação Sentimental Alimentar

Postado por NaNa Caê terça-feira, 18 de maio de 2010 08:11:00

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Quando sonho sempre me vem um gosto. Não de amor, menta ou saudade. Sabor acre, enjôo, dor pungente de estômago vazio, não me alimento das lembranças, não me satisfaço mais de você.

Quando muito, uma ninharia agridoce de rancor me ataca, o amargo se torna forte, o melífluo não chega a lugar algum.

Como se fosse fruta verde, a língua reconhece, distingue, arrebata no apertar da boca, o ranger dos dentes, travamento completo da mandíbula, endurecimento do coração.

Quando sonho com você não há lugar para o surreal, não possuo asas, borboletas não se transformam em dragão. Apenas a realidade dominando o onírico, eu de um lado, você do outro, quando queremos muito mudamos de calçada é pedida a permissão, sem o atrevimento da palavra a própria presença estabelece o cumprimento, determina a distância.

Na fabricação do litígio entre estranhos conhecidos, o olhar preso por três segundos é intimidade desnecessária, proximidade a ser ignorada.

Quando sonho com você desenvolvo ânsias precárias, refluxos eufóricos, vomito as palavras-resíduos que me forçou a engolir.

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[Ouvindo: Weezer - Thought I Knew]

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A Verdade Crua na Bandeja Sobre o Amor

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 14 de maio de 2010 10:23:00

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O fato é que você tem uma bola vermelha, dentro do peito, assim como o restante todo da população, entretanto se acha especial, possui a sensação de singularidade.Por achar tão único tem medo de a tocar, ter nas mãos. Para não se sentir culpado, caso algo dê errado, escorregue, caia no chão, a entrega para outra pessoa, por que a responsabilidade será única e completamente dela.

Falando assim até parece burrice, mas a culpa é da existência disso dentro do peito que não para, fica batendo, todo momento, não descansa. E aos poucos vão surgindo as dores seguindo o monótono ditado popular "tanto bate ate que fura", depois que já bateu o bastante, a pele rasga e o coração pula direto para as mãos de um ser que você pensa ter todos os ideais que você sempre admirou.

Então esse indivíduo chega fantasmagoricamente carregando uma colher, prato, bandeja, isso depende de você, são muitas as opções por que existe tanta diferença de tamanho dessa porra, dizem que alguns usam copo pra não perdê-lo, por ser de gelo é preciso uma puta paciente pra esperar derreter, outros já optam por um garfo, a rigidez é grande tendo como solução apenas fincar com força ali, já até me falaram que uns não tem, oco, completamente vazio por dentro, não sei se é verdade ou apenas egoísmo, estratégia para não entregar a ninguém.

Mas enfim, quando você passa essa bola vermelha para o outro há o excesso de tentativas e achismos, “pego desse lado ou do outro? ”. E achismo aqui é a água mágica pra dar continuidade a esse ciclo. A pessoa pra quem você ofereceu cogita saber o que você sente, começa apenas com passadas de mão de leve, e por achar que está tudo bem começa a ir mais forte, mais forte, quando vê está dando apertões, cortando a circulação, sufocando.

Como se fosse prazeroso enfiar-se em um ventilador, o que se sente é o mesmo, pânico, estraçalhamento em não sei quantos bilhares de pedaços do seu corpo, alguns nesse momento se tornam sadomasoquistas, gostam daquilo e ainda arriscam propor que haja a troca do horror, "fica com o meu coração que eu fico com o teu".

Sabe o que é pior? A maioria das pessoas deseja isso, exatamente isso, a maldita dor do amor.

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[Ouvindo: Moptop - Rock n roll]

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Sinto Muito

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 12 de maio de 2010 11:18:00

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Sinto sua falta como nos dias em que esqueço de levar algum lanche para o trabalho, parece imbecil, comparação infantil, mas é exatamente aquele vazio, vai surgindo aos poucos, incomodando, por ser interno parece que sofro mais, logo vem a impaciência junto a dor de cabeça, e não há remédio que me faça bem, não há carteira inteira de cigarro que me acalme.

Sinto muito a sua falta como nos dias de segunda, terça, quarta e quinta-feira que não tenho você, todos muito longos e solitários, sempre na espera do nosso final de semana démodé.

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[Ouvindo: Moptop - Tão Certo]

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Bang

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 10 de maio de 2010 13:53:00

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Em sua mente não existe a idéia de solidão pejorativa, ela é uma arma, sempre carregada, que você mira, finge que não dispara, mas quando se vira prefere atingir pelas costas.

Quantos cartuchos já gastou essa semana?

Pode dizer, eu sei que gosta de contar bala por bala.

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[Ouvindo: Radiohead - High and Dry]

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Espero Que Não Esteja Bem

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 6 de maio de 2010 10:52:00

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Eu espero que você esteja sofrendo com todos aqueles pequenos problemas que quando se juntam tornam sua vida um inferno, as chaves esquecidas em algum lugar, os arranhados na lente do óculos, o sinaleiro que fecha, a fila que não anda, o dente que dói, o cabelo que não cresce, o cabelo que só cai, o copo que cai, o elevador que não sobe logo, aquilo que não sobe com tanta facilidade mais, a buzina que não funciona, o computador que não funciona, a memória ainda funciona?

Eu espero que você saia, da putaria elegante, do alcoolismo, de dentro da sua cabeça que acha tão ampla e sofisticada, do selvagerismo, do seu carro pra perguntar o endereço, quem quer, pede a informação é você, não o outro.

Eu esperava que as desconstruções sobre sua falta de moral te ajudasse a regenerar, mas você continua de pijama, com os livros ainda jogados pelo quarto, os rascunhos entupindo as gavetas, sentado, na cama, segurando um tijolo e o cigarro na outra mão.

Eu esperava que você percebesse o erro das ligações que ainda não foram feitas, das garrafas espalhadas no piso do carro, a falta de cinzeiro na sala, dos gostos que pensa serem refinados, mas são uma negação.

Eu esperava que fosse sincero, abrisse a boca pra falar a verdade, ao menos por telefone, não era preciso sair de casa, carregar o pesado e transbordante copo de wisky por tantas ruas. Eu pedi apenas para gritar confirmando meus problemas, nada de esforços além de talvez exceder a voz.

E quando se espera muito logo vem os atrasos, a perda de tempo, a escassez das horas, e não estou disposta mais a isso.

Antes eu esperava, não que você fosse algum dia chegar, mas eu esperei.

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[Ouvindo: Rilo Kiley - Capturing Moods]

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Dor de Cabeça

Postado por NaNa Caê terça-feira, 4 de maio de 2010 10:28:00

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A cada passo o vermelho se torna fogo e insiste em arder toda corrente sanguínea

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[Ouvindo: O cérebro latejar]

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Quero Ser a Pedra No Caminho

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 29 de abril de 2010 19:54:00

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Ei garoto, sim, garoto. Homem que você ainda não deve ser, por que com esse linguajar, vocabulário chulo...

Aposto que vai esbravejar, dizer que não é baixeza da sua parte, vai insistir que é sotaque, costume, cultura.

Mas garoto, o que adianta ler os clássicos, ouvir Beatles se não absorve nada?

Hoje eu quis saber quem você é, senti vontade de escutar todas suas baboseiras em vez de apenas lê-las. Sério, conversaria normalmente, concordaria com tudo que você tem falado nos últimos dias sobre mim.

Não por que eu ache que você esteja certo, não que eu tenha cogitado ceder, mas estou tão cansada que desejei ser pedra, só pra ficar quietinha, parada, sem ter o que fazer.

E você foi o melhor que imaginei pra me dar sono, fazer dormir.

Hoje armazenarei tudo que for dito, nada de te ignorar.

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[Ouvindo: Beatles - Maxwells Silver Hammer]

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Polipropileno

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 26 de abril de 2010 08:45:00

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Sou um saco, plástico, pronto para te sufocar.

Porém não é apenas fogo que me faz derreter.

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[Ouvindo: Radiohead - A Wolf At The Doctor]

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Na Cara

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 23 de abril de 2010 09:32:00

3

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Sem fôlego para pessoas, apenas socos.
O cinismo voltou e junto com ele a ironia.

Que eu enfrente quem tiver que enfrentar . . .

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[Ouvindo: merda nenhuma]

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Tubo e Metal

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 22 de abril de 2010 08:47:00

3

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Com seu tubo de ensaio na mão sente-se feliz
O seu tubo de ensaio não
Tubo não sente

Arruma então outro objeto para dar vida
Cria um boneco de metal
Passeia longe da maresia

Para hidratá-lo
Enfia o tubo em uma melancia
Separa as sementes para não criar barriga

Conhece a sina
Troca-me pelo tubo de ensaio
E o tubo pelo boneco de metal
Não vive mais perto do mar
Mas adora a ressaca do meio dia

Enquanto isso dança
Dança por garantia
Perde-se em passos errados
Tenta seguir o ritmo
Mas música alguma lhe é oferecida

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[Ouvindo: Beatles - Maxwell's Silver Hammer]

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- te amo

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 19 de abril de 2010 12:02:00

3

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Não que seja um pensamento egoísta prevalecente da necessidade de ter alguém para não me sentir solitária em um sábado de manhã, para não ter a dor de não existir ser algum ao meu lado no fim de um domingo depressivo, por que é sempre assim, depressão pré-segunda-feira, o carma universal.

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[Ouvindo: Garbage - #Crush]

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Processo Sentimental

Postado por NaNa Caê 11:57:00

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Porra, tenho que confessar, odeio abandonos, principalmente quando o imaculado e talvez salvador pessimismo é quem faz isso, me deixa ás mínguas. Mas hoje acordei tão esperançosa.

É

Vamos fingir que o culpado não é o amor, vamos colocar o otimismo no banco dos réus.

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[Ouvindo: Wander Wildner - Wynona]

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Vista Curta

Postado por NaNa Caê terça-feira, 13 de abril de 2010 09:07:00

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Míope
Não enxergo
Assim acho que também ninguém me vê

Logo
Finjo não existir

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[Ouvindo: Franz Ferdinand - I'm Your Villain]

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Alô

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 12 de abril de 2010 11:23:00

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- Sabe o quanto odeio isso, não é?

- O que exatamente, o sol, o céu, o dia, o sono, as nuvens, eu?

- Você me acha mesmo tão vaga assim?

- Não se trata de vazio, você tem pensamentos demais, idéias demais, desejos demais, xinga demais, fala demais, com tanta coisa assim eu me perco em saber quem realmente você é, imagina o que não gosta ... Mas então, como vão as coisas por aí?

- Sabe o quanto odeio isso, não é?

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[Ouvindo: Franz Ferdinand - Katherine Kiss Me]

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Apenas Raiva III

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 8 de abril de 2010 08:45:00

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Estraçalhar cada nervo com os dentes tendo a certeza de que o gosto nunca mais irá sair da boca, para que em cada tosse fique mais forte, raspe a garganta, penetre em direção ao esquecido útero.

Entretanto não se tornará certo, pois o amargo não permanece apenas no olhar, na língua ele adormece, e dali flechas ásperas saem, direto para seu peito, o alvo é seu peito, sempre foi.

Recuso então o paladar aguçado essa noite e pendo para o insosso, esmurro as palavras como se fosse enfraquecer o ar, tirar sua vida.

Recuso o sabor das negações essa noite, amanhã, cedo, mais tarde, à tarde, depois e depois.

Assim para todo o sempre, recuso você, ou talvez apenas por agora, enquanto a raiva não passa.

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[Ouvindo: Franz Ferdinand -Ulysses]

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Apenas Raiva II

Postado por NaNa Caê 08:40:00

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Ridículo isso

O choro
A dor na parede
Mão cortada contra a tinta.

Por que no outro dia toda insensibilidade voltará
Mendigos serão ignorados
Pessoas enganadas

Para não sair da rotina sorrisos pouparão eventuais pedidos
De retirada

Sempre com destino à puta que pariu

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[Ouvindo: Franz Ferdinand -Ulysses]

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Apenas Raiva I

Postado por NaNa Caê 08:37:00

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Foda-se sua censura ou as reclamações de desgosto pelo o que escrevo.

As ambigüidades não deixarão de ser ensaiadas.

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[Ouvindo: Franz Ferdinand -Ulysses]

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Aprendendo Sobre Cores

Postado por NaNa Caê terça-feira, 6 de abril de 2010 11:25:00

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Consegui enxergar a bandeira toda alegre-colorida sendo balançada pra lá e pra ca, sim a bandeira do start, do ponto inicial.

E é tão complicado aceitar, permitir o começo.

Sempre quando percebo a mínima possibilidade disso eu desapareço. E agora não. Eu quero ficar perto. Quero ficar parada mesmo que a chuva caia. Quero me encharcar dessa verdade.


Nós. Que tudo se inicie com essa conjugação.

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[Ouvindo: Delphic - Acolyte]

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Cristianismo Passivo

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 31 de março de 2010 10:49:00

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E ela que veio com aquela história nada prosaica, tão cansativa de falar com o Senhor.
Não você ou o Seu João ali da esquina, mas o Senhor Deus todo poderoso que nunca é fogoso, perfeito dos pés até as mãos, não arrisco nesse caso ter como referencial a cabeça, se o ser supremo existe, esse negócio ele nunca teve, neurônios, por que haja burrice adotada em um ato de criação.


E ela me puxou, arrastou, quase me crucificou por tamanha rebeldia . Mas me poupe, se você quer esse papo chato é problema teu. Não é possível contato. Não entre eu e o Doutor Invisível Fodão.
Todos pensaram “mas que boca suja”, o Padre-Pastor já todo vermelho, eu não sabia se era pelo porre do vinho enquanto decorria a cerimônia ou por raiva, sugeriu que eu fizesse gargarejo, com água benta e mascasse hóstia todo dia, doações também eram bem vindas.

E como se eu fosse demoníaca a mulher gritou "aceite Jesus, essa é a única solução!"
Eu com uma supra ausência extrema de paciência preferi retrair, disse que sim, coloquei notas de 50 na calcinha da freira, enchi a bacia de dinheiro, chorei, tombei, abracei todos que estavam ali.


Foi lindo, até batizado permiti, mas Jesus, eu juro, não aceitei, muito menos o senti

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[Ouvindo: Cachorro Grande - Que Loucura!]

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Antes de Dormir III

Postado por NaNa Caê terça-feira, 30 de março de 2010 22:32:00

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Se você espera que um dia a porta seja batida em sua cara, lhe preparo então para o pior, você irá se frustrar, por que em nossa casa não haverá, isso, madeira, trinco e fechadura.

A liberdade reinará, com amor, perdão.

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[Ouvindo: Death Cab For Cutie – Stable Song]

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Antes de Dormir II

Postado por NaNa Caê 22:27:00

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Tenho sonhado em dormir

Isso sim que é cansaço


 

Tenho sonhado que durmo durante toda alucinação

Isso sim que é viagem


 

Tenho sonhado não mais acordada

Tenho sonhado

Sonhos concretos

Tenho sonhos

Tenho

Você

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[Ouvindo: Death Cab For Cutie – Two Cars]

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Antes de Dormir I

Postado por NaNa Caê 22:20:00

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Durante um tempo ela chorava quando ia embora, deixava a avó.

Tinha medo de pegar no sono enquanto esperava pela mãe a buscar, tinha pavor de simplesmente ser levada para o carro, sem acordar, sem uma despedida sofrida, por que no outro dia, ela poderia partir, não em uma névoa fantasmagórica ou mágica, mas apenas ir, morrer.

E não é por que as letras desse teclado parecem vermelhas que escrevo.

Só que quando te dou adeus sinto isso, bem assim, talvez até pior.

Durante um tempo ela era, sou, eu

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[Ouvindo: Death Cab For Cutie - The New Year]

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QUALQUER BOBAGEM acabou !

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 26 de março de 2010 11:46:00

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Transição . . .
Melhor
Evoluiu

Sei bem definir
O que agora é isso aqui
Layout e nome do blog alterados

Por que nem tudo precisa manter-se estático

Oração I

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 22 de março de 2010 09:47:00

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Que cada pensamento seja

Passado
Não presente
Transcrito
Para papel

Que a lentidão abandone
E a velocidade me acompanhe
Ajudando essas mãos
A dominar minha mente

Antes que as palavras me confundam
Ou eu
Tente enganá-las

Criando fáceis rimas
Fracos provérbios

Amém.

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[Ouvindo: O Ventilador Girar]

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Pois é Verônica.

Postado por NaNa Caê quinta-feira, 11 de março de 2010 09:51:00

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Tem dores, amores, escapes, pensamentos, tantas crenças que não cabem na palavra, texto, oração. Não daquelas pra algum Deus, dentro de uma religião. Falamos do português, da língua, cheia de complicação, com excedentes regras, transbordando de exceção. Dos dentes, sem mordaças, firmes, fortes, retilíneos, não deixando sair nada, fazendo da boca prisão.


E são também os ódios, fracassos, seqüelas, não invisíveis, mas transparentes, não entendemos como se dá a sua forma, não a vemos, mas sentimos seus traços que gritam, nos traçam por inteiro, com sua presença, e confissões.

Você tenta, vai, força, mancha, de tinta tudo que aparece pela frente, mas aquilo sai ilegível, pouco decifrável e tanto esforço, mão pintada, roupa suja, nunca lavada, sempre marcada pelos tons do preto? Azul? Para no fim, ninguém entender, compreender como se deve realmente te ler.

E então você pensa que talvez seja o alfabeto, uma incompatibilidade de signos e letras, cognição falha, repassa letra por letra, grita, em voz baixa, faz o impossível, grita em voz muda, por que o eco habita, e ele abafa o seu dizer, é egoísta, retém tudo ali, dentro, esquerda, mais pra esquerda, isso, dentro do peito.

Ê verônica, é complicado, não só para você, mas para o próprio ar, que entra pelas narinas bravas e quentes, sai rasgando tudo por onde passa, arranca lágrimas, fúria do olhar.

E sua escrita tarda, falha. Um mês? Mostra-se competente em algumas orações, poucas palavras, uma, duas frases no máximo.

Sim, realmente, eu concordo:

“tem dores que não devem ser verbalizadas, tem dias que não devem ser escritos ”

Desculpe-me, mas de seu esforço, foi apenas isso que conseguiu me comover.

Pois é, quem te viu, quem te...Vê?

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[Ouvindo: Chico Buarque – As Vitrines]

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- ser educada no amor.

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 8 de março de 2010 17:24:00

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Os lembretes existem não por ignorância com os afazeres, mas talvez, quem sabe até mesmo muitas vezes, por que algumas tarefas não são realizadas devido a perda de foco quando se explode ou há a presença do incontrolável mau humor.

E então a culpa é sua, sim, apenas sua, e não do lapso de memória, ou do vento que soprou o pequeno quadrado de papel, colado atrás da porta, destacado de marca texto laranja pra não ser desdenhado eventualmente pelo olhar.

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[Ouvindo: A cabeça latejar de raiva]

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Júbilo Complexo

Postado por NaNa Caê 11:14:00

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Na surpresa do aprendizado coexiste o real valor da gratidão pelo conhecimento ensinado.

Fragilidade é rasgar o papel sem antes ler, querer absorver o que está ali.

Guardo a folha no bolso da calça, mesmo que amassada, lavada cinqüenta vezes com água e sabão em pó.

Então só agora compreendo.

Me conformo com o que sou

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[Ouvindo: Yann Tiersen - Toust Est Calme]

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A Revolta da Avenca

Postado por NaNa Caê terça-feira, 2 de março de 2010 10:02:00

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Antes leia :

Para Uma Avenca Partindo de Caio Fernando Abreu

www.semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/08/para-uma-avenca-partindo.html

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Chega desse absurdo sobre plantas, se é pra ficar feliz eu engulo, dou continuidade pela última vez a essa sua copiada metáfora.

Vamos fingir então que fui sua revoltada, mentirosa plantinha, tida por muitos como uma sórdida praga, confundida pouquíssimas vezes com as pacatas samambaias. Mas para você sempre uma avenca.

Então a avenca decide falar:

Não me agradava ser colocada em um vaso de areia. Não me alegravam seus cortes diários do modo como eu deveria ou não agir.

Você então que ande logo, vá embora, leve tudo em sua bagagem, o que pensa ser necessário ou não, até mesmo aquilo que não condiz.

Agora me parecem tão cômicas suas mentiras sobre uma tal fertilidade precisa, oferecida claro por você, lógico só para mim, eu uma planta pequenina que sem auxílio morreria á míngua , aprenderia a ser grande apenas sendo sua aprendiz.

Ah, mas não me venhas com idéias minimalistas de paisagismos, ou jardins. Não serei colocada em canteiros, transportada de cidades em cidades, em caminhões abafados, presa em um falso pote que na verdade não passa de embalagem velha, de sorvete napolitano, que por muitos meses abrigava eram fedidos feijões, esquecidos, no fundo do seu congelador. Menos garota, não force a situação tanto assim.

Não vê o quanto faltou? E a medida exata poderia ser o “tanto”, faltou tanto que nem saberíamos como medir. E com essa falta você me enfiou goela abaixo palavras hilárias “toma plantinha, isso é terra boa, roxa” quando na verdade não passava de entulho recolhido no fundo do teu quintal, esquecido, apenas pedaços do teu passado guardados que você encaixava, se adequava a mim só pra relembrar pequenas coisas que um dia não te fizeram tanto mau.

Ah, mas eu retirei toda essa merda daqui, não queimei, por que esse tipo de lixo se descarta, torrar lembranças com brasa só ocasiona fumaça, e a gente se intoxica, fica tonta, se tranca no quarto, fica grogue, perde a noção de vida e tempo. Deita, dorme, come, dorme, come, dorme e respirar ar puro já é considerado anormal.

Não percebe mesmo o que era preciso? A verdade, tanto minha quanto sua. E não foi só isso, tinha ainda o principal, tato, terra, e como diabos se consegue equilíbrio sem ter onde colocar os pés no chão? Sem ter a porra do próprio chão?! Pedaços de concreto e madeira, mesmo que comprimidos não são local seguro para se caminhar, mesmo que de mãos dadas, se uma cai a outra é levada pro buraco também. Não há nenhum tipo de salvação.

E você muitas vezes não entendia nada, se confundia com formas, ameaças e tesouras , tentava me podar com nãos.

Ah, avencas também se revoltam, não se engane com o jeito tão parado, delicado, insonso, elas realmente crescem, habitam vagarosamente lugares, lentamente te devoram e quando você percebe elas ocupam todo espaço, mente, lembranças e coração.

Trata-se apenas de uma questão de manipulação e querer. E essa aqui não deseja mais nada vindo de você.

Vá logo, se aprume, não tema, você consegue carregar sim essas pesadas malas.

Por que avencas muitas vezes não vão embora, elas tem raízes, você que deve partir.

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[Ouvindo: Hooverphonic - No More Sweet Music ]

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Nada Malicento

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010 08:51:00

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Entre espectros
Respirações lentas
Luzes baixas
Paredes beges
Desfoques

Entre sonhos
Lençóis
Mordidas fracas
Beijos
Mesmo que modernos

Coesão
Muito contato

Não longínquo
Mas próximo
Intra
De sentimentos
Palavras
Sensações


Mesmo no escuro
De olhos fechados
Consegue-se enxergar
Vê amor

Já não é necessário
Como antigamente
Esfregar as mãos contra o rosto
Tentar nitidez
Forçar a visão

Tudo se apresenta bem claro agora

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[Ouvindo: Oasis - Waiting For The Rapture]

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Declinando Para Não Cair

Postado por NaNa Caê 08:31:00

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O silêncio não sufoca

Na verdade te esnoba
E você odeia ser ignorada
Muda sem parar de estação

Eu juro

Se for pra se sentir feliz
Eu sussurro
Professo odes
Cânticos judaicos
Em seu ouvido
Nesse carro

É só pedir
Vai
Diz

Deixe pra lá essa áurea de chata atriz

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[Ouvindo: Oasis – I´m Outta Time ]

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Surdez (a)temporal

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 11:39:00

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Será que apenas eu questiono o tempo:

-E aí camarada, quando vai me dar completa paz?!


Estou começando a cansar de não ter resposta.


E quando isso acontece

A gente simplesmente se acaba
Fecha a boca
Cala

Não pergunta mais nada

Torna-se mudo por opção


"Is it just a waste of time?"

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[ Ouvindo: Pink Floyd - Mother ]

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Falsa Metassíncrise Cerebral

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010 11:49:00

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"Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte. E começas a falar. "

Caio F.

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Sei que quando se afasta
Troca as roupas
Sobe degraus

Pula

De olhos abertos
Sem rede
Finge voar
Enquanto na verdade corre
No ar
O risco do trapezista


Não me venha com falsa metassíncrise cerebral


Equilibrar agora rapaz?
Justo a mente?
As idéias?

Pegue o guarda chuva
Que segura na mão direita
E o faça de estranho-chapéu

Da corda onde finge pisar
Não se desatine
A enrole logo no pescoço
Faça dela teu punhal

Assim talvez exista um maior sentido
Menos palco
Picadeiro
Palhaços consternados
Observando sua queda
Transbordando sorrisos de gratidão

Ponha-se em teu lugar!
Falso equilibrista...

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[Ouvindo: Marilyn Manson - Next Motherfucker ]

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Nuvens Me Frustram

Postado por NaNa Caê 00:37:00

2

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Hoje a observei se afastar
Lentamente
De mim

Parecia maior
Melhor
Do que eu

Não fez questão de correr
Ou se esconder

Foi devagar
Sem pressa
Branda

E a cada movimento
Percebia suas mudanças

Quando a vi de longe
Já não era a mesma

Quase não a reconheci

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[Ouvindo: Mombojó - A Missa]

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Sorria. Você Não Está Fumando

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010 09:45:00

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Poderia ser uma questão de estilo
Necessidade para atingir o ápice da escrita
Entender a atmosfera intelectual

Entretanto cigarros e sorrisos
Não parecem se equilibrar na mesma boca
Pelo menos não na minha


Ser fumante deve-se a uma questão de humor
De paciência ou explosão

Meio cigarro a cada três dias
A nova cota
Só para não mentir
Dizer que sou completamente feliz

Planejo então displicentemente
Em breve
A mudança
Para o cômodo
Cinza afável
De paredes aguadas
Bem calmas

Trancafiadas por uma porta
De ferro
Frio

Onde vejo colado o seguinte adesivo:

Sorria. você não está fumando.

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[Ouvindo: Secos e Molhados - Primvera Nos Dentes]

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A Falta Que Deixa Feliz

Postado por NaNa Caê sábado, 30 de janeiro de 2010 01:23:00

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Você sabe que todas as pessoas possuem defeitos, ou pelo menos as que você se envolveu sempre tinham algum pra te aporrinhar.

Era o jeito ridículo de pentear o cabelo, os excessos de gírias, ou a total falta delas deixando o ambiente com um grande peso formal. Era o perfume muito doce ou a personalidade amarga demais. Os pais que te odiavam, ou aqueles que não calavam a boca um minuto sequer.

Então você para, olha, analisa, por que sim você ainda não perdeu essa mania horrorosa de analisar. E pela única vez, em uma única pessoa, você não vê nada.

E são inúmeros os momentos em que você deseja por tanto, pede tanto, que quando não há nada você acha estranho, nem pensa em agradecer.

Então, obrigada.

Nunca imaginei que fosse ficar assim por uma inexistência. Por que falta sempre foi tão, mas tão sinônimo de dor que parece até meio sem sentido isso.

E você ainda vira e diz que tem mania de falar “hello stranger”, reclama pra que seja colocado espaço entre as palavras.

É de rir, rir mesmo.

Eam. Estou feliz.

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[Ouvindo: Little Joy - Keep Me In Mind ]

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Ódio do Leibniz

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 29 de janeiro de 2010 09:33:00

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Eu tentei explicar pra ela como funciona o processo de surto. Não o teu, ou do cara louco ali da esquina. É. Por que quando se fala em surtos sempre são remetidos a loucura. Mas não. Nem sempre as coisas funcionam assim. Pelo menos aqui, nesse caso, agora, não.

Quando você é forçado a desenvolver, criar, achar uma solução de modo rápido em pouco tempo você surta. Tente acompanhar o raciocínio. O raciocínio que pra você pode parecer não ter nenhum pingo de razão ou lógica. E sim, pra mim tudo vai seguindo a bosta da lógica. Não que eu ache a lógica em si uma bosta, mas é por que ela tem uma tremenda mania de foder com minha mente. E não, eu também não sou uma seguidora abusada do Platão ou do Leibniz com aquela sua lógica moderna que particularmente eu acho um porre. Não mesmo.

Está bem. Voltando ao surto. Você é forçada a tomar alguma decisão. Não que alguém te pegue pelo colarinho, te leve a força para o banheiro, enfie sua cabeça na privada sem parar, freneticamente e fique gritando “se decida, se decida logo sua filha da puta, senão vou te fazer comer merda!!”. Não. Definitivamente, não!

Mas é a própria situação e o tempo que age no papel de te pressionar a tomar a tal decisão. E quando isso acontece. Repito: Comigo!! Por que vai que alguém pensa “essa guria é louca, isso nunca acontece comigo, isso na verdade não deve acontecer basicamente com ninguém”.
Então, quando isso acontece a mente muda de ritmo, acelera e então surge o tal surto. Surto então seria a pressa? Um cara correndo pra não perder um ônibus seria um surto? Eam. De certo modo sim. Um surto, digamos que estranhamente encaixado numa exemplificação mais que idiota, mas sim. Ta. Vamos fingir que seria um surto também.

Enfim, e depois disso tudo, sim, ainda tem o depois, veja só que merda não? Pois é, depois, há o pós, oh, que inteligência da minha parte criar essa colocação. Bem profunda mesmo. Mas é sério, vem o pós.

E não há nada pior do que o pós-surto, por que surgem as conclusões. E meu deus, por que diabos nesse momento o pé vai mais fundo no acelerador? A mente corre mais ainda! Você ri, sim, ri por que se lembra que um dia antes chorou desesperadamente. E aquilo agora parece tão ridículo não? As coisas parecem tão simples nesse momento.

Considere isso um pós-surto. Desculpa aê.

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[Ouvindo: Mallu Magalhães - A Risk to Take]

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E-mail Fracassado

Postado por NaNa Caê terça-feira, 26 de janeiro de 2010 10:14:00

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Pensei muito numa frase que você me disse ontem, aquela hora a noite na porta da minha casa:

"Eu estou perguntando o que você quer e não onde você deseja estar"

Nunca tinha parado pra compreender essa distinção de termos. A diferença do querer ter e do estar. E sim, minha vontade sempre continuará a mesma, a não ser que eu mude muito.
E sim, sou realmente uma pessoa capitalista, gananciosa, consumista e bla bla bla
Quero o dinheiro.

Preciso aceitar que o melhor pra mim é montar minha vida aqui. E eu uso esse termo "montar" por que tudo sempre pareceu um enorme quebra cabeça em que eu tinha que parar pra pegar peça por peça, tocar, analisar. E todos sempre falavam que eu era a pura indecisão, como se minha alma fosse confusa, mas não amigo. Acho que o problema é que penso demais e logo tenho trilhares de soluções.

E sei lá ..acho que só agora que eu estou aprendendo que as peças desse jogo podem mudar de posição, serem viradas de modo diferente, 360º.

Sim, quero o dinheiro. Quero minha agência aqui. Não, eu sei que aqui não é Goiânia, muito menos Curitiba ou Floripa . Não, nem tudo realmente é fácil como desejamos que fosse.

Preciso deixar de ser flexível com minha carreira, eu nem diria carreira, mas sim com o dinheiro, por que ela, a carreira sempre foi muito pré-definida, totalmente delimitada: escrever.
Seja escrever livros, poemas idiotas, propagandas maçantes ...
Mas sempre escrever.

E talvez eu devesse agradecer por isso, por toda essa pré-definição do que eu farei da minha vida inteira. Por que quantas são as pessoas que não sabem que rumo tomar? Não é mesmo? E eu do que estou reclamando? Eu sempre soube, desde pequena.
Estou reclamando de barriga cheia, estou reclamando por ter várias opções pra minha vida.
E eu não digo várias opções diferentes do estilo oi eu quero ser médica ou arquiteta. Não mesmo. Digo várias opções em uma única vertente. A escrita.

Fodam-se as pessoas que querem me dar segurança. Não quero segurança. Talvez se eu gritar que eu gosto de correr riscos eles me entendam, ou me amarrem em uma camisa de forças e me levem embora. Que ela seja bem apertada então, se possível de aço por que com a vontade e força que possuo agora para ficar, tudo pareceria frágil demais para me deter.

Pela primeira vez na vida eu possuo certeza do que quero.
Pela primeira vez na vida a pergunta correta foi feita "o que você quer e não onde você deseja estar..."
E pela primeira vez também, simultaneamente há a resposta correta.
Não de primeira, não com impulso, por que pensei muito, por que me martirizei mais ainda.

E a resposta é: quero dinheiro.
Onde ele está? No inferno? Então vou lá, me vende uma passagem sem conexões, aquela que vai direto, a mais rápida, por favor? Por que odeio esperar. Aluga-me um quartinho lá nesse lugar? Mas com ar condicionado, nunca fui muito fã de calor.

Não é apenas a paixão que me prende por inteira, por que sim, eu confesso, sou uma pessoa por completo de sentimentos. Basta apenas saber me decifrar, se no momento é amor ou ódio. E em mim eles sempre me perturbam tanto não é?

Mas é isso amigo, eu quero dinheiro.
E vou tê-lo aqui. Custe o que custar.

E a metáfora correta não era realmente “quero ser o melhor peixe do oceano, e não o único peixe bom do aquário”

Muito menos a corrigida por você, “quero ser um tubarão no oceano e não apenas um peixe palhaço no aquário.”

O que eu quero é ser um pássaro. Sim, quero me tornar o pássaro azul que o B. falava.
Sim, o pequeno bluebird que ele aprisionava no peito e o deixava sair só a noite, eu nem quero o liberar, quero mesmo é sê-lo.

Que de dentro de mim ele vá crescendo e me transformando. Não tenho mais medo de ser boa.

Mesmo que com isso taquem pedras em mim. Sei lá ...

Eu aprendo a desviar, a voar mais alto se preciso

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Para entender leia o poema BLUEBIRD do BUKOWSKI

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[Ouvindo: Pj Harvey - We Float]

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Deixe-me Monologar Informalmente Tá ?!

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 17:41:00

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Não sei cara, mas prefiro ficar. Acho que sou louca demais pra viver em um lugar onde a correria seja acima da daqui.

Não sei cara, mas quero paz, não como Los Hermanos cantou, mas quero do meu jeito, paz com outro conceito. Um emprego basta, não quero mais dois, preciso de tardes lentas pra eu voltar a escrever.E essa faculdade tolerei por dois anos, mais alguns acho que nem faz mal.

Não sei rapaz, mas talvez minha cabeça só funcione aqui. Não quero todas as festas prometidas na antiga capital, quero ser monótona, quero amar de modo unilateral .

Mas diz aí, me ajuda. Me explica, isso é insanidade ou mudança?

Não, nem me fale em mudar. Não quero. Está decidido. Eu preciso parar. Quietar num sossego que nunca em mim realmente existiu.

É velhice? Crendice de terceira idade mental?
Não sei rapaz.

Apenas sinto que já não penso mais em partir

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[Ouvindo: Radiohead - High and Dry]

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Chuva de Molhar Boba

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 20 de janeiro de 2010 21:48:00

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Meu deus como ela é boba

Isso por que o adjetivo foi usado
Insistido
Repetido
Sabe-se lá quantas vezes
Em apenas duas semanas

E ela nunca acreditou

Foi preciso que a chuva caísse
Despencasse
Atingisse sua cabeça
Encharcasse as roupas
Amarrotasse o coração

Sim
Agora ela respinga
Treme
Espirra
Arrepia
Mas enxerga
Aceita
Toda cabisbaixa

Quanta bobeira em uma vil pagã ...

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[Ouvindo: Radiohead - My Iron Lung]

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Quanto Ainda Para as 2:00 ?!

Postado por NaNa Caê 08:32:00

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"As horas não passam
O tempo me odeia e testa meu limite
porque sabe que é recíproco."
(Verônica H.)

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Quem parou o relógio?
Agora estressei
A manhã não passa
Os minutos parecem ainda dormir

Levante rapaz!
Não desista
Gire os ponteiros
Bote as horas pra correr com a própria mão

Não consigo
Não me movo
Também me tornei estático
Não vejo solução

O que é isso garoto!?
Reanima!
Ficou louco?
Biruta da vida?
Ainda existe salvação

Mentalize
Exercite
Há uma saída
Corra
Fuja com sua imaginação

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[Ouvindo: Radiohead – Nice Dream]

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Troque de Canção

Postado por NaNa Caê terça-feira, 19 de janeiro de 2010 11:31:00

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Eu já te conhecia
Desde o início
Mas tive que fingir que não

Eu já te lia
Desde o princípio
A primeira foto
Nos primeiros sorrisos
Entre as poucas palavras
Sentada no bar

Eu te esgueirei como quem nada queria
Mas tudo pedia
Você não acreditou

Eu te segui debulhando frente aos teus olhos
Turbilhões de pensamentos
Nenhum poderia ser visto como bom

Eu me apaixonei pelas tuas concordâncias
Uhuns e ahans
Não havia muito o que ser debatido
Por que anteriormente eu já entendia
Compreendia suas pausas
E constantes reflexões

E agora
Depois de todo esse delito
Eu deito
Fecho os olhos
Abraço o travesseiro
Penso que preciso dormir
Mas em minha mente só vem você

Lady que me perdoe
Mas não encontro encaixe para o ruim

Já não concordo tanto assim com sua canção

Just Romance Please

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[Ouvindo: Lady Gaga - Bad Romance]

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Insone

Postado por NaNa Caê 10:56:00

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É forte o gosto onírico
Da sensação que surge
Quando você passa dias sem de noite dormir

O pensamento que parece mais facilmente fluir
Faz é se misturar com a fantasia
E assim você desenfreadamente sonha
Não acordado
Mas como Poe já havia falado
Sonha dentro de um outro sonho qualquer

Por que agora
Aqui
Nada mais parece ser realidade

Não nessa cadeira
Não nessa sala
Não dentro dessa cabeça

- Sim, mais café por favor

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[Ouvindo: Radiohead – The Bends]

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De Mula Para Asno

Postado por NaNa Caê 10:21:00

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Se procura ética e moral
Saia já pela porta dos fundos
Nunca pela da frente
Ou pulando janelas
Levando como escudo jornais
E caixas de papelão

Erga a cabeça seu asno
Você consegue ser melhor do que isso aí
Se defenda de forma mais agressiva
Planeje minuciosamente suas brigas
Mate logo quem tentar lhe agredir


Nessa casa as normas são diferentes
Sinto-lhe informar
O essencial implica-se em não obedecer

Eu não refiro a mim
Ou a você
Mas ao consensual

Não que eu tenha separado o mundo inteiro
Um por um
Em grupos legendados
Por plaquetas de madeira
Escritas em letra grande
De branco e lilás

Não que eu tenha parado pra contar nos dedos
Os que estão por dentro
E os bilhares que fingem estar de fora
Possuo apenas duas mãos
E pés nesse momento
Mesmo se emprestados
Sinceramente de nada supririam

Se deseja apenas a bondade e o amor ao próximo
Corra já para a igreja mais próxima

Não que eu goste de padres
Que isso fique bem claro
Apenas de freiras
E olha que elas nessa vida
Nunca foram tão amigáveis assim


Não que eu tenha as testado
Traçado perfeitamente seus perfis
Nunca me deram essa permissão

Malditas!

Podia ter aprendido tanto ...

Apenas devo então a essas estranhas mulheres
Uma parte da infernal educação
Sim
Justamente
Isso mesmo

Da mula que insiste em vos falar aqui

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[Ouvindo: Radiohead – Just]

(pois é, voltei a ser uma viciada em radiohead)

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Pronto. Ponto

Postado por NaNa Caê domingo, 17 de janeiro de 2010 23:04:00

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É na leveza do sentir que me torno feliz

Não são as palavras ditas
Com a reconfortante sinceridade
E muito menos os sorrisos
Que insistem em reagir

A conversa rápida e engraçada
No corredor longo e quase escuro
Cumpre o papel de pontuar

Não com reticências
Ou interrogações
Apenas um pingo
Pequeno e solitário

Um determinado e belo ponto final

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[Ouvindo: Radiohead - High and Dry ]

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No Quarto Mobiliado

Postado por NaNa Caê 22:42:00

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Hoje talvez tenha sido o último dia

Não sei se foi pelo modo como caminhamos
Ou corremos na chuva
Você gritando
Pra eu subir logo em suas costas
Salvar meus pés

Fomos pra sua casa
Lavei o rosto
Lavei as lágrimas também
Você não viu

Por fim
Deitamos

Ouvimos os ecos
Abafados
De Anouk
Batendo em nossos peitos
Rasgando todo o quarto

Comi então o sanduíche

Fingi estar tudo bem
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[Ouvindo: Anouk - Nobody´s Wife]

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Alvana

Postado por NaNa Caê 22:21:00

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Três meses
De sol
Chuva
E muito vento na cara

O vizinho estranho foi apresentado
O álcool
A nicotina
E o amor

Pudins e batatas
Constantes figurantes dessa relação
Filmes e músicas
Inovando sempre a discussão

O parque foi prometido
Mas não visitado
E ela agora sentada na poltrona chora

Saudade dos dias de Alvana

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[Ouvindo: Radiohead - Planet Telex]

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Tragédia de Esquerda

Postado por NaNa Caê quarta-feira, 13 de janeiro de 2010 21:14:00

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- Canudos específicos por favor !

- Por que?

- As cores podem ser perigosas

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[Ouvindo: The Kills - Last Day of Magic]

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Talvez o Único Corrido

Postado por NaNa Caê 20:17:00

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Acabei de assistir a um filme que eu estava enrolando para assisti-lo durante essa semana. E a única conclusão que cheguei foi: filmes deveriam ser proibidos. Por que muitos acabam nos fazendo pensar em coisas que de certo modo evitamos, seja pra nos proteger, ou sei lá, por que talvez nós já conheçamos essa tal sensação e no fim, no fim mesmo, literalmente quando acabam, elas não nos fazem bem.

Não falarei o nome do filme. Pelo menos não hoje, não agora, ser explicita nesse segundo talvez não seja o melhor.

Estou sentada no meio da grama, tudo escuro. Decidi que fumaria a carteira inteira, mas não consegui como de costume quando tenho surtos. Estranhamente parei no maldito terceiro cigarro. Não por consciência de que eu não deva fumar tanto, que nicotina faz mal, vicia. Não. Mas sim por que descobri a tempo que isso aqui não é um surto. Como em outros ímpares e escassos momentos isso aqui é a sinceridade.

Sentimentos. Tudo é sentimento. Sejam bons ou ruins, tudo se resume ao sentir. Ninguém consegue ser insensível, frio por completo. Nem mesmo eu.

Paro pra pensar, tento contar quantas vezes já chorei, quantas vezes fiquei péssima por que outros choravam por mim. Não por educação, não por que era condizente, não por que eu precisava passar uma imagem do estilo oi sinto pena de você. Mas quantas vezes eu já chorei por que o outro se importava mais do que devia por mim? Todos esses choros foram sinceros, não seguiram a teoria da ação e reação ou do fluxo Maria vai com as outras. Eu chorei por que doía ver que sabiam chorar, que conseguiam de fato arrancar água salgada dos olhos por mim. E não brotava lógica em minha cabeça, pessoas se importando sinceramente comigo, com o que eu sou.

Quero deixar o choro de lado, como diria Young (se não me engano) eu gosto da chuva por que ela me poupa de chorar, teoricamente ela poupa, na verdade ela faz é simplificar, esconder, disfarçar aquilo que vai dissolvendo na água que cai do céu.

E continuando com Young, disfarces esgotam a pele, vamos fingir então que somos realmente, completamente superficialistas e que pensamos apenas em nosso rostinho bonito, cutes e blá blá blá.

Quando você se depara com uma pessoa que mais parece um espelho e ela o faz refletir de imediato sobre seus erros isso acaba te enlouquecendo. Não enlouquecendo. Droga. Não é essa a palavra do encaixe perfeito aqui. Quando você vê uma verdade crua demais ela te incomoda. Então é isso. Incômodo do cru .

Até que ponto você deve assistir a merda de um filme e perceber que o seu egoísmo não é único, mas também não é nem um pingo bem vindo, não é aceitável ao lado da felicidade? E felicidade é tão simples. O egoísta não.

Até que ponto você pode fugir de decisões apenas para não sobrecarregar as suas costas?
Sedentarismo fode com a gente. E a nicotina novamente fode também. Ela nos tira o fôlego.

E como agüentar caminhar um longo percurso, com tanto peso se a respiração em poucos minutos já se apresenta falha?

Quem sabe eu seja apenas uma falsa filha da puta que está fantasiando, criando todas essas situações e questões em minha cabeça.

Só pra ter mesmo o que falar, movimentar a boca diante do próximo

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[Ouvindo: Archive – Controlling Crowds ]

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Assumindo em Vez de Sumir

Postado por NaNa Caê 15:51:00

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Sim
Eu finjo
Minto
Excedo

E quando digo a verdade
Não acreditam

Ótimo
Que seja assim
Que ninguém enxergue
Distinga
A transparência do sentir

Entretanto
Enquanto isso
Paralelamente
Nada discretamente

Nesse caso
Diferentemente de todos outros
Prefiro assumir
Do que sumir


A máscara cinza foi abandonada no chão

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[Ouvindo: The Cardigans - You´re The Storm]

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Olá Narciso

Postado por NaNa Caê segunda-feira, 11 de janeiro de 2010 03:12:00

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Todo amor embrulhou seu estômago

No final das contas
Sempre te deu ânsia de vômito


Assobia
Levanta o braço
Pede a conta
Por que é sempre você que pede a conta
Não é?

Quando muito
Sugere o mesmo
No ouvido do outro
Só pra tirar o peso das costas.

E o coitado nem percebe
Na hora aceita
Depois se assusta
Quando o garçom aparece na mesa

E não há dinheiro
Cartão de crédito
Ou cheque
Que pague o seu preço

Por que nada te supre
Alimenta
Ou apetece

E você sempre pede
cobra alto demais

ah...

Vá caçar alguém parecido com você
Vá se esgueirar em becos
E ladeiras

Mude de cidade
Estado
Esqueça seu apelido
E volte a ser chamado pelo antigo nome

Quem sabe você não encontra um espelho?
O leva pra comer
Paga o jantar
E termina feliz na cama com ele

Santo narcisismo inocente de bar

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[Ouvindo: Radiohead - Karma Police]

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Little Red

Postado por NaNa Caê sexta-feira, 8 de janeiro de 2010 18:22:00

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Eu te contei
Sobre a evolução que deve ser quebrada
Exatamente o período onde parar

Novamente não percebeu a enumeração
Denominei até três
Do gostar
Até o amor
Passando antes pela paixão

Você não
Não corre
A lentidão é sua puta
Mas não se esconda

Você finge
Finge que não entende
Sagaz sua colaboração

Você tinge
Pinta o ar de vermelho
Mancha minha visão
Você quer arte
Mas cria em meus olhos esse borrão

Aprenda sobre as cores
Os jogos de luz
Perspectivas
E aquarelas
Molduras
e dimensão

Depois do dia 20
Volte
Minta
Me aceite
Me ensine
Invente

Por favor
Me explique


Prazer
A criança no meio disso sou eu

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[Ouvindo: The Cure - A Forest]

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